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Mostrando postagens de agosto, 2018

A rua é uma festa: um novo olhar sobre a cidade à luz da teoria de Jane Jacobs

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“Criança precisa andar pela cidade para ser cidadã”. Irene Quintáns, Urbanista Há pouco tempo, escrevi um texto no qual estabelecia uma diferença na forma como os cariocas e os paulistanos fazem uso das suas cidades. Para tanto, eu conto como foi que eu, que sou paulistana e morei em São Paulo desde que nasci até meus trinta anos de idade, mudei completamente o meu modo de perceber e conceber uma cidade ao vir morar no Rio de Janeiro. O que eu tento mostrar é a forma peculiar como cariocas e paulistanos fazem uso das suas cidades. Um ponto crucial que expressa essa diferença é a utilização do espaço público. Em São Paulo as pessoas vivem majoritariamente intramuros, praticamente não há convivência nas ruas. Já no Rio de Janeiro eu pude ter a experiência, enquanto moradora do bairro de Ipanema há dezesseis anos, de uma cidade como um organismo vivo. E então, para corroborar com essas minhas ideias e iluminar as minhas reflexões um tanto quanto ligeiras naquele t

O Cheiro do Ralo e a monetarização do humano na modernidade

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Este texto é uma tentativa de elucidar alguns conceitos do sociólogo alemão Georg Simmel, desta vez a partir de discussões estabelecidas pelo brilhante filme de Heitor Dhalia. Neste longa metragem de 2007, conhecemos Lourenço, um negociante de objetos usados que passa seus dias enfurnado em um galpão recebendo a visita de clientes, em relação aos quais ele nutre um desprezo que beira o patológico. Para Lourenço, o mais importante não são as pessoas, e sim as coisas. Trata-se, a partir dessa interpretação, de um personagem construído como um estereótipo, ou até mesmo um tipo ideal, do indivíduo blasé - conforme a conceituação simmeliana - que habita as grandes metrópoles da modernidade, onde a impessoalidade é a regra. Logo na primeira cena, somos surpreendidos por uma bunda feminina em primeiríssimo plano. A câmera segue, de trás, o andar de uma personagem que depois iremos conhecer, num movimento subjetivo de quem segue uma mulher na rua, como se já neste início da narra